Caçador de Virtudes

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos." Charles Chaplin

Sem Nome


O brilho do sol
O despertar de uma nova vida
A queima do paiol
A destruição da antiga família.

Ela não mediu esforços
Apenas deixou pelo chão
Tantos milhares de ossos
Para fugir desta solidão.

O mundo a perseguiu
Mas ninguém nunca a encontrou
Ela nunca se feriu
Mas seu pudor ela desmoronou.

A lua cheia no céu
O uivar dos lobos na terra
Seu mundo tão cruel
Despertam uma velha fera.

Ninguém pode entendê-la
Ela age sem instintos
Também não vão detê-la
Neste mundo tão extinto.

Ela não cicatriza as feridas
Mas destrói os corações
De todos que deram a vida
Para entender suas razões.

Sem nome
Sem endereço
Sem fome
Sem adereço.

Tristeza
E alegria
Frieza
Da vida.

Seu sol
Nunca brilha
Sua lua
Não ilumina.

Um medo
Ela nunca sente
Pesadelo
Destrói sua mente.

A Droga de Minha Vida


Mãe
Estou precisando de seus conselhos
Para sair deste grande desespero
Que assombra a minha cabeça
Que me leva a eterna tristeza.

Pai
Estou me sentindo tão preso
Neste doloroso pesadelo
Que assombra as minhas noites
Com o desenho daquela foice.

Senhora morte veio me procurar
Mas é muito cedo
Para ela me levar.

E agora para onde devo ir
Estou com medo
Não quero partir
Pois a minha vida
Mora por aqui.

Mãe
Estou precisando de seu carinho
Venha acariciar o teu menino
Que morre de medo do escuro
Das armadilhas do teu mundo.

Pai
Estou me sentindo tão vazio
Nas águas deste fundo rio
Onde me afogo com os peixes
Sem ver a luz ou seus feixes.

Eu quero me esquecer
Dos pesadelos que sempre tive
Quero apenas viver
Os meus sonhos que revive.

Mãe me traga o jornal
Quero lê as noticias
Sobre nosso carnaval.

Pai! Vamos ao futebol!
Torcer por qualquer time
Queimar o nosso paiol.
Minha vida é pasma
Meu amor é fantasma
A solidão é quem me consola
Minha dor nunca vai embora
Eu sangro na despedida
Da droga de minha vida.

Memórias de um Pagão


Quero lutar na guerra
Quero defender minha pátria
Quero conquistar a terra
Quero levantar minha espada.

Sem medo de errar o alvo
Sem querer estar a salvo
Sem fé em algum superior
Eu sou meu próprio senhor!

Minha história é curta e drástica
Minha vitória é única e amarga
Tive medo do homem de suástica
Mas já lutei contra todas as pragas.

Fiz a minha reza em silêncio agudo
Mudei minha estrada conforme o mundo
Pensei que poderia desvendar futuro
Mas morri com medo do escuro.

Senhor Escuridão


Senhor...
Senhor do amor e do ódio
Desde a vida até a morte
Na plenitude ou no ócio
Rei do fraco e do forte.

Senhor escuridão
Perto do infinito
Sem direção.

Senhor escuridão
Sempre perdido
Sem coração.

Mediador...
Dos ricos e dos pobres
Lobisomem ou vampiro
Burguês, sempre nobre
Buscando seus amigos.

Senhor Escuridão
Com lágrimas de um jovem
No coração de uma criança.

14 de Outubro


O sol bate forte na janela
Do quarto
Fechado!
A chuva fraca gotejava
Suas águas
No telhado
Quebrado!

Eu olho o céu pela janela
E lembro o passado
Minha vida já não és bela
Parece que tudo está acabado.

Ontem eu te disse tudo que eu achava
Mas não disse nada que queria dizer
É bem verdade
Eu falei que te amava
Mas apenas ódio sentia por não te ver.

Lembro-me daquele sábado
Em que nos encontramos pela primeira vez
Eu fiquei com cara de otário
Mas era a minha primeira vez.

Você lembra aquele dia em que nos encontramos?
E tão pouco,
Falamos.

Eu apenas olhava em seu rosto
E queria beijar sua boca
Desejava sentir o seu gosto
E não me via outro dia com outra.

E quando eu te disse
“Eu te amo’”
Um beijo simples você me deu
Mas pra mim já valeu.

Você trouxe sorrisos
Ao meu rosto tão triste
Você me levou ao paraíso
Em tão pouco tempo.

Olhava fixamente os seus olhos
Olhando atentamente os meus
Fiquei ali parado
Estava meio abobado
E te pedia eternamente para Deus.

Com uma palavra
Você me conquistou
E com seu jeito meigo
Em você...
Você me amarrou.
Queria soltar
Mas não soltou.

Foram alguns segundos calados
Sei que você não gostava
Mas eu não achava palavras
Pra dizer que estava apaixonado

Você reclamava do meu silêncio
Mas eu fingia nada ouvir
E fazia daquele momento
Um momento eterno
Ninguém pode explicar o que eu senti
Hoje me encontro neste inferno
Você já não está aqui
E foi minha culpa
Eu sei.

Um momento tão bom
Que você não quer
Que volte

Hoje me vejo vivendo
Como se fosse a vida:
Uma morte!

E sonho com você
Todas as noites
Não consigo parar
De pensar
Em você
E já não sei mais
O que fazer
Pra você voltar
Voltar pra mim
Quero te fazer
Mais feliz
E falar
Tudo aquilo
Que naquele sábado
Quatorze de outubro
Eu não falei.
“Eu te amo do fundo do meu coração”
“Você me tirou de uma longa solidão”
“Não vá meu amor”
“Fique, Por favor”